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A existência da ES Enterprise foi pela primeira vez referida pelo PÚBLICO em 2014 no quadro de uma investigação que concluiu que durante vários anos o Grupo Espírito Santo usou este veículo para proceder a “pagamentos extras” e “não documentados”.
O Expresso e a TVI revelam que a ES Enterprise, usada como saco azul do GES para pagamentos fora dos circuitos oficiais, consta dos Panama Papers. Um dos nomes referidos é o de Ricardo Salgado, que movimentou fundos através do Estado sul-americano.
O PÚBLICO referia então que a confirmação do “saco azul” do GES era susceptível de abrir uma outra frente de inquirições que podia culminar em novas revelações sensíveis. A ES Enterprise terá ainda servido para fazer circular verbas provenientes de Angola, designadamente, associadas a “contas” de Ricardo Salgado, do construtor José Guilherme e do presidente da Escom, Hélder Bataglia.
O Ministério Público está há mais de um ano a averiguar o quadro de acção do veículo, o que poderá ajudar à clarificação das relações entre elementos do núcleo duro do GES e entidades fora da esfera familiar, nomeadamente políticas. Tal como o PÚBLICO noticiou na altura, a ES Enterprise, que nunca constou do organograma oficial do GES, recebia fundos via sociedades suíças (veículos Eurofin) e as verbas movimentadas poderão estar perto dos 300 milhões de euros, quantia confirmada pelos Panama Papers expostos pelo Expresso e pela TVI.
Já antes, a 21 de Junho, 3 e 23 de Julho de 2014, o PÚBLICO mencionava a existência de buscas nas sucursais do BES de Nova Iorque e Miami onde seprocurava documentação e suporte informático associado a operações relacionadas, nomeadamente, com as unidades da Venezuela e do Panamá. No BES Miami e no BES Panamá, uma das figuras que fazia a articulação das operações do BES nestas geografias era Jorge Espírito Santo, do núcleo do grupo do GES. A outra era o contabilista Machado da Cruz, que Ricardo Salgado acusou de ter ajudado a ocultar dívida de ESI no valor de 1300 milhões de euros.