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No livro “BES – os dias do fim revelados”, o ex-banqueiro conversou durante 30 horas com a jornalista Alexandra Ferreira. O capítulo a que a TVI teve acesso é sobre o BES Angola
Depois de um silêncio de quase dois anos, Ricardo Salgado dá uma longa entrevista que é publicada no livro “BES – os dias do fim revelados”, da jornalista Alexandra Ferreira. O livro vai ser lançado quinta-feira, 3 de março, ao final da tarde.
São mais de 30 horas de conversa, em que o antigo dono disto tudo fala sobre os episódios que conduziram à queda do Grupo Espírito Santo. E no capítulo a que a TVI teve acesso, revela como a escolha de Álvaro Sobrinho para liderar o BES Angola foi um dos grandes erros da sua carreira.
Com uma carreira invejável dentro do banco na gestão de ativos, uma sólida formação em matemática e ligações importantes à família de José Eduardo dos Santos em Angola, Sobrinho parecia a melhor escolha.
Mas quando em 2009, o Banco Nacional de Angola determinou que a informação informática passasse a estar apenas em Luanda, cortando qualquer relação com os servidores em Portugal, Lisboa ficou dependente das informações que Álvaro Sobrinho queria dar.
É através de Manuel Vicente, hoje vice-presidente de angola, que Salgado fica a saber que o banco estava em problemas.
“Fui conversando com os nossos sócios angolanos e às tantas eles dizem que temos de tirar o Álvaro Sobrinho da presidência executiva do banco. E eu disse: já! Se são vocês que me dizem, é já.”
Mas a nova comissão executiva demora a entrar em funções, porque não consegue vistos.
“O dr. Álvaro Sobrinho fez sair notícias em Angola que diziam que os nossos acionistas angolanos (…) Estavam a favorecer portugueses para tirar o lugar aos angolanos. Com isto, criou um problema terrível em Angola, que acabou por atrasar a entrada da comissão executiva no BES Angola. E esse tempo foi de saída avultada de capital do BES Angola”.
Contas feitas, o BES Angola perdeu o rasto a mais de cinco milhões e meio de dólares. Notícias que deixaram Salgado desconcertado:
“Uma situação pavorosa. Eu não queria acreditar no que estava a ver, foi horroroso”
O BES Angola é uma das peças do puzzle que conduziram à derrocada do Grupo Espírito Santo, mas é apenas um capítulo de um livro que revela uma longa conversa levada a cabo durante o período em que Ricardo Salgado esteve em prisão domiciliária.