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Dívida do GES ao BES ficou protegida com garantia angolana

Sexta-feira, Janeiro 16th, 2015

20150116

A Escom e a sua derivada Legacy são uma peça do jogo GES-BES. Um jogo que passou pelo BESA e que estava num tabuleiro protegido pela garantia angolana.
Citando

Jornal de Negócios

O Grupo Espírito Santo usou a garantia de Angola para esconder buracos que tinha no Banco Espírito Santo. O BES era um dos grandes financiadores da Escom, que pertencia ao GES. A Escom foi dividida em duas: Escom BV e Escom Investments Group. A primeira era a que tinha activos bons; a segunda os problemáticos. A segunda acabou por ser transformada em Legacy – com um património praticamente falido – e foi vendida por três euros. Quem a comprou foi a Vaningo, sociedade de direito angolano da qual não se conhece o beneficiário. A Legacy manteve uma dívida que tinha para com o BES.

Os juros da dívida ao BES continuaram a ser pagos pela ESI, do GES, mesmo com a Legacy fora do grupo. Mas o crédito – agora na Vaningo – foi transferido do BES para o BESA. Passou a ter uma garantia do banco angolano e, posteriormente, o crédito passou a estar protegido pela garantia angolana.

A leitura que pode ser feita é a de que o Estado angolano, em último caso, estava a garantir a dívida de uma empresa do GES ao BES. A audição de Sikander Sattar, presidente da KPMG Portugal e da KPMG Angola (auditoras do BES e BESA, respectivamente), foi à porta fechada, pelo que o esclarecimento feito não é público. Os deputados têm levantado dúvidas sobre este negócio, que é falado pela auditoria feita pela KPMG às contas da ESI.

Da audição de Sattar nenhuma informação foi transmitida pelos deputados – a não ser Fernando Negrão, o presidente da comissão de inquérito, que afirmou que a mesma tinha sido útil. Sabe-se apenas que o presidente da KPMG não se quis comprometer directamente com nada.

O BESA tinha créditos de 5,7 mil milhões de dólares de cujos beneficiários se tinha perdido o rasto, conforme relatou o Expresso em Junho de 2014 – reflectindo a assembleia-geral do banco angolano de Outubro de 2013, em que Álvaro Sobrinho, presidente do BESA até 2012, ano em que entrou em ruptura com Ricardo Salgado, foi questionado pelos referidos créditos – sobre os quais se conhecem as empresas beneficiárias mas não quem está por trás delas.

Há uma matéria que continua polémica – a garantia estatal, que causou dúvidas ao Banco de Portugal, era o motivo para que o BES não tenha sido obrigado a constituir uma provisão para a linha de financiamento de 3,3 mil milhões de euros que tinha para com o BESA. A justificação tem sido a de que créditos garantidos não são provisionados. Contudo, desde 2012 que havia reservas nas contas do BESA a reflectir dúvidas sobre os financiamentos cedidos pelo BESA.

(Fim de citação)

Fundos exigem 106 milhões a Espírito Santo

Sexta-feira, Janeiro 16th, 2015

20150116

Correio da Manhã

Seis membros da família Espírito Santo são alvo de uma ação interposta, já este ano, por 38 fundos de investimento internacionais, entre os quais vários fundos de pensões.

(Fim de citação)

Carlos Costa: O plano que a troika trazia levava o Banco de Portugal a nacionalizar a banca

Sexta-feira, Janeiro 16th, 2015

 

20150116

Citando

Observador

Carlos Costa diz que evitou que a troika fizesse explodir a dívida pública e a nacionalização da banca. E antecipa uma concentração bancária na Europa.

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa

O governador do Banco de Portugal afirmou que a troika defendeu um modelo de recapitalização da banca diferente, que teria implicado a nacionalização do setor e um aumento de 20 a 30 pontos do rácio da dívida.

Quando o resgate de Portugal foi negociado, em 2011, o envelope financeiro emprestado pelos parceiros europeus e pelo Fundo Monetário Internacional incluía um valor consignado à recapitalização dos bancos portugueses que revelassem essa necessidade, de 12 mil milhões de euros.

“A história dos bancos portugueses é uma história de convalescença longa que resulta do facto de se ter poupado o agente público ao impacto de um endividamento súbito que teria necessariamente uma dimensão dos 20 a 30 pontos percentuais”, afirmou hoje Carlos Costa num jantar-debate em Lisboa organizado pelo think-tank Portugal XXI.

De acordo com o governador do Banco de Portugal, “quando a troika cá chegou, tinha um número na cabeça para o fundo de recapitalização [da banca] que não era 12 [mil milhões de euros]” e chegar a esse valor só foi possível “depois de se ajustar o modelo de escrutínio do sistema àquilo que eram as necessidades de capital” dos bancos.

“Tínhamos dois modelos alternativos: termos em 2012 o sistema financeiro todo nacionalizado por insuficiência de capital e tínhamos hoje um grande programa de privatizações em curso e mais dívida pública; ou termos seguido o processo que seguimos com os riscos que obviamente comporta e segui-lo de forma metódica”, revelou Carlos Costa.

“Feito o balanço, acho que fizemos a escolha certa (…) Não imaginam hoje a dívida pública portuguesa ser de 150 ou 155% do PIB [Produto Interno Bruto]. Não imaginam o que isto significaria em termos de posicionamento no mercado e de pressão sobre a República”, disse ainda o governador, acrescentando que “a República respira hoje com muito mais tranquilidade”.

Durante a sua intervenção, Carlos Costa referiu-se aos casos irlandês, grego e espanhol, que “fizeram uma operação muito clara de recapitalização à cabeça” dos seus bancos, “transferindo os ativos problemáticos para veículos e registando perdas de capital significativas”, o que teve como consequência “um aumento da dívida pública da mesma dimensão” desses ativos. Se a mesma solução tivesse sido aplicada a Portugal, Carlos Costa acredita que, “em vez dos 40 mil milhões [de euros] de imparidades [que a banca portuguesa registava desde 2008] de forma gradual, numa situação de venda forçada seria um número superior”.

Ainda assim, o governador do banco central fez um exercício para calcular o impacto de uma recapitalização dos bancos portugueses semelhantes à que se realizou noutros países europeus. “Vamos imaginar que eram [imparidades de] 40 mil milhões. [Nesse caso] seriam 25 pontos percentuais de dívida adicional para o país e teríamos hoje uma dívida muito superior ao que temos”, afirmou.

Carlos Costa disse ainda que este “era o modelo preconizado pela troika”, o que lhe valeu “nas salas do Banco de Portugal um braço de ferro” para que Portugal seguisse “uma via diferente”. “Para mim, foi um grande risco, mas para o país estou convencido que o futuro dirá que foi um grande alívio, porque evitámos um aumento do stock da dívida que teria criado junto dos mercados internacionais uma noção de insustentabilidade, o que teria para um país como um nosso um resultado muito grave”, disse ainda Carlos Costa.

(Fim de citação)

 

CPI ao BES: ex-CEO da Rioforte diz que investimento de 897 milhões da PT foi feito em fevereiro e renovado em abril

Terça-feira, Janeiro 6th, 2015

20150106

João Rodrigues Pena é ouvido esta terça-feira na comissão de inquérito ao BES no mesmo dia que a PT está a ser alvo de buscas por causa dos investimentos na Rioforte e cuja audição tem sido acompanhada pela repórter do Observador, Ana Suspiro. João Rodrigues Pena equacionou a demissão, mas acabou por ficar até a Rioforte ser declarada falida em dezembro de 2014

Observador

O ex-presidente da Rioforte, a holding não financeira do Grupo Espírito Santo, está hoje convencido de que “o colapso do grupo deriva de práticas de gestão deficientes e de uma situação financeira grave”. Depois de uma intervenção inicial em que descreveu o trabalho desenvolvido para reestruturar e sanear a holding não financeira do GES, João Rodrigues Pena conclui: “Acredito que a Rioforte estava condenada desde o início”.

No entanto, recusa concluir já que foi enganado. “Frustrado e desiludido” é assim que descreve os seus sentimentos sobre o que aconteceu no GES.

O ex-CEO da Rioforte revela que manifestou discordância em relação a operações e à evolução do plano de reestruturação do acionista, a partir de 2014, mas que decidiu manter-se em funções em nome dos colaboradores, para evitar mais perturbações e porque acreditou que ainda seria possível concretizar o plano de reestruturação do GES. Rodrigues Pena conta que a Rioforte foi fortemente pressionada para financiar a acionista, a Espírito Santo Internacional (ESI), o que chegou a acontecer, à revelia da iniciativa da sua comissão executiva, porque a gestão da tesouraria estava centralizada na ESI. Quando o conselho da Rioforte autorizou esse financiamento, exigiu garantias, uma foi um edifício em Miami, e condições, designadamente a realização de um aumento de capital que nunca se concretizou. Sobre o investimento da Portugal Telecom de 897 milhões de euros na Rioforte, João Rodrigues Pena, esclarece que as primeiras colocações foram feitas em fevereiro,portanto no mesmo mês em que a ESI reembolsou a PT. Essas aplicações, feitas a um prazo de dois meses, foram renovadas em meados de Abril por um período de mais três meses. Foi este último investimento que não foi reembolsado em junho. Rodrigues Pena diz que foi informado pelo BES, mas assegura que não teve qualquer interação com a operadora. Essa operação foi colocada pela direção financeira do banco,acrescenta. Mas não se lembra de quem foram as pessoas. E diz que a responsabilidade é de quem tomou a dívida, a PT. Admite ainda que o investimento da PT na dívida da Rioforte foi usado para a holding a que presidia reembolsar a sua acionista, a ESI, pela compra da Espírito Financial Group, uma operação que fazia parte do plano de reestruturação do grupo. João Rodrigues Pena confirma ainda que Machado da Cruz, o famoso contabilista da ESI, entrou no conselho de administração da Rioforte em 2011, assumindo funções na comissão de auditoria. Nunca lhe perguntou pela falsificação de contas porque conhecia apenas o seu papel na gestão do imobiliário do grupo nos Estados Unidos. Rodrigues Pena está a dar explicações na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo e GES no mesmo dia que a sede da PT é alvo de buscas por parte das autoridades judiciais por causa do investimento de 897 milhões de euros realizado pela operadora na empresa do GES.
(Fim de citação)

Filho de Ricardo Salgado demite-se do Novo Banco

Segunda-feira, Janeiro 5th, 2015

20150105

Filho de Ricardo Salgado, actualmente diretor do sector Empresas do Novo Banco, que por imposição do BdP, gere o contestado património material, imaterial, bens serviços e pessoas “confiscados” aos depositantes, acionistas, trabalhadores e escrita mercantil do “velho” BES

Ricardo Bastos Salgado, filho do banqueiro que liderou o Banco Espírito Santo nos últimos 22 anos, demitiu-se dos quadros do Novo Banco, sabe o Negócios. O economista de 42 anos trabalhou no banco fundado pela família desde 1998, transitando para a instituição que herdou os activos saudáveis do BES, onde continuou responsável pela área de empresas.

Ricardo Bastos Salgado, filho de Ricardo Salgado, o banqueiro que liderou o Banco Espírito Santo durante os últimos 22 anos, demitiu-se do Novo Banco, instituição que ficou com os activos saudáveis e com o quadro de pessoal do BES, confirmou o Negócios junto de fontes financeiras.

O economista de 42 anos integrou o BES em 1998, depois de ter passado pela Merrill Lynch, em Londres, onde foi analista durante cerca de um ano. No banco fundado pela família, Ricardo Bastos Salgado começou por trabalhar na área de “trading”, tendo depois passado para a área de empresas, onde chegou a director e pela qual continuava a ser um dos responsáveis

O economista Ricardo Bastos Salgado, de 42 anos, entrou no BES em 1998. Ricardo Bastos Salgado demitiu-se dos quadros do Novo Banco, noticia o “Jornal de Negócios”. Era responsável pela área de empresas. 

Filho do ex-presidente executivo do BES Ricardo Salgado, trabalhava desde 1998 no banco fundado pela família e que, em agosto do ano passado, o banco de Portugal dividiu avançar com a medida de resolução, dividindo-o em banco mau (onde ficaram os ativos e passivos tóxicos do BES) e banco bom, que deu origem à nomeação do Novo Banco.

Antes de integrar o BES, o economista de 42 anos desempenhou funções de analista na Merrill Lynch, em Londres.

(Fim de citação)

 

 

Goldman Sachs admite avançar para tribunais contra Banco de Portugal por causa do BES

Sexta-feira, Dezembro 26th, 2014

Citando

Público/Lusa

O megabanco global Goldman Sachs, dos Estados Unidos, queixa-se de dívida do BES que tinha em seu poder não ter sido transferida para o Novo Banco, lê-se num artigo de hoje do Público com partes a que a Lusa também teve acesso.

A Goldman Sachs contesta a decisão tomada esta semana pelo Banco de Portugal acerca da não transferência da responsabilidade contraída pelo BES perante a Oak Finance Luxembourg e ameaça recorrer aos tribunais para contrariá-la.

“Caso o Banco de Portugal não reconsidere a sua posição, à luz dos danos que vai causar a todos os clientes com posições neste activo e aos mercados financeiros, todos os investidores prejudicados não deixarão de recorrer a todas as vias apropriadas incluindo as judiciais”, lê-se numa nota emitida pela Goldman Sachs.

Na terça-feira, o Novo Banco emitiu uma nota onde deu conta que tinha sido informado pelo regulador que “com efeitos a 3 de Agosto de 2014 [data da intervenção no BES]”, a responsabilidade contraída pelo BES face  à  Oak Finance Luxembourg “não foi transferida para o Novo Banco”. “Esta deliberação”, adiantou a instituição liderada por Stock da Cunha, “tem um impacto positivo em reservas de 548,3 milhões de euros”. O comunicado foi divulgado uma semana antes do fim do prazo para os interessados na compra da instituição intervencionada se pronunciarem. Até agora, O BPI e o Santander Totta já oficializaram o seu interesse em ficar com a instituição. O prazo termina a 31 de Dezembro.

“Quando o Novo Banco foi criado, a Goldman Sachs obteve a confirmação por parte do Banco de Portugal de que toda a dívida sénior do Banco Espírito Santo, como as obrigações Oak Finance, seriam transferidas para o Novo Banco. A 11 de agosto de 2014, um alto representante do Banco de Portugal explicitamente confirmou por escrito à Goldman Sachs a transferência dessas obrigações sénior para o Novo Banco”, realçou o banco de investimento norte-americano na sua nota.

“Além disso, a Goldman Sachs também pediu confirmação por escrito ao Novo Banco de que a operação Oak Finance tinha sido transferida como um dos seus passivos ao que o Novo Banco respondeu explicitamente que as obrigações Oak Finance se encontravam no seu balanço”, informou.

Por isso, de acordo com a Goldman Sachs, “o inesperado anúncio público do Banco de Portugal no início desta semana, retroagindo estas obrigações, contraria as expectativas e a confiança do mercado e causa danos a vários investidores, incluindo fundos de pensões, aos quais esses investimentos foram colocados com base nas garantias anteriormente dadas”.
Daí, a Goldman Sachs, um dos maiores investidores institucionais do mundo, ameaça avançar para os tribunais contra a decisão tomada pelo Banco de Portugal.

(Fim de citação)

 

Goldman Sachs contesta decisão do Banco de Portugal e ameaça recorrer

Sexta-feira, Dezembro 26th, 2014

Citando

O Banco de Portugal decidiu que o veículo financeiro que terá sido criado em Julho pela Goldman Sachs não entra nas responsabilidades do Novo Banco, segundo um artigo publicado pelo Jornal de Negócios em 26 de janeiro de 2014.

Jornal de Negócios

A casa de investimento norte-americana Goldman Sachs veio hoje contestar a decisão da autoridade monetária liderada por Carlos Costa, que anunciou que o Novo Banco deixava de ter responsabilidades perante um veículo financeiro, criado no Luxemburgo, através do qual o BES contraiu uma dívida junto do Goldman Sachs em Julho deste ano.

“O Novo Banco informa que foi notificado da deliberação do conselho de administração do Banco de Portugal, de 22 de Dezembro de 2014, que determina que, com efeitos a 3 de Agosto de 2014, a responsabilidade contraída pelo Banco Espírito Santo perante a Oak Finance Luxembourg S.A. não foi transferida para o Novo Banco”, indicava o comunicado emitido no passado dia 23 de Dezembro.

A decisão do regulador “tem um impacto positivo em reservas de 548,3 milhões de euros”, referia, no mesmo documento, o banco liderado por Eduardo Stock da Cunha. Ou seja, a instituição que herdou os activos e passivos saudáveis do BES a 3 de Agosto livrou-se de eventuais perdas naquele mesmo valor. Recorde-se que o Banco de Portugal pode transferir activos e passivos entre o Novo Banco e o BES (o banco mau) como pretender.

Esta sexta-feira, a Goldman Sachs reagiu. “Quando o Novo Banco foi criado, a Goldman Sachs obteve a confirmação por parte do Banco de Portugal de que toda a dívida sénior do Banco Espírito Santo, como as obrigações Oak Finance, seriam transferidas para o Novo Banco. A 11 de Agosto de 2014, um alto representante do Banco de Portugal explicitamente confirmou por escrito à Goldman Sachs a transferência dessas obrigações sénior  para o Novo Banco”, refere o comunicado a que o Negócios teve acesso.

Além disso, prossegue o comunicado, “a Goldman Sachs também pediu confirmação por escrito ao Novo Banco de que a operação Oak Finance tinha sido transferida como um dos seus passivos ao que o Novo Banco respondeu explicitamente que as obrigações Oak Finance se encontravam no seu balanço”.

Assim, “o inesperado anúncio público do Banco de Portugal no início desta semana, retroagindo estas obrigações, contraria as expectativas e a confiança do mercado e causa danos a vários investidores, incluindo fundos de pensões, aos quais esses investimentos foram colocados  com base nas garantias anteriormente dadas”, sublinha.

“Caso o Banco de Portugal não reconsidere a sua  posição, à luz dos danos que vai causar a todos os clientes com posições neste activo e aos mercados financeiros, todos os investidores prejudicados não deixarão de recorrer a  todas vias apropriadas incluindo as judiciais”, remata a Goldman Sachs.

Recorde-se que o Oak Finance Luxembourg S.A. ficou conhecido através de uma notícia do Wall Street Journal de 1 de Setembro. O Goldman Sachs terá emprestado em Julho ao BES, através deste veículo financeiro, 835 milhões de dólares (681 milhões de euros). No mesmo dia em que o empréstimo foi pedido pelo banco português, o Oak Finance emitiu 785 milhões de dólares em dívida – que o banco norte-americano emitiu, esperando vendê-la posteriormente a investidores.

O veículo tinha como missão financiar a construção de uma refinaria chinesa na Venezuela, nesse mês de Julho, da petrolífera estatal PDVSA, uma das maiores credoras do ramo não financeiro do GES. O BES assegurou o compromisso de reembolsar a dívida de sociedades venezuelanas através de cartas de conforto que causaram perdas de 267 milhões de euros.

(Fim de citação) 

BESA não era de “fácil resolução” para a gestão do BES mas isso não foi dito ao mercado

Sexta-feira, Dezembro 26th, 2014

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No dia em que os prejuízos históricos foram apresentados, a administração do BES sabia que a questão angolana não ia ser facilmente resolvida. Contudo, essa indicação não constava do documento oficial. As acções entretanto afundaram.

Na reunião do conselho de administração do Banco Espírito Santo de 30 de Julho, o então presidente da comissão executiva, Vítor Bento, admitiu que a situação no banco angolano controlado pelo BES, o BESA, não seria facilmente resolvida. No entanto, no comunicado que foi divulgado publicamente nesse mesmo dia, a incerteza não é admitida. E as acções do banco continuaram a negociar em bolsa durante dois dias, perdendo valor.

“Trata-se de um assunto sensível e que, mesmo contando com a colaboração das autoridades portuguesas, não se afigura de fácil resolução”, comentou Vítor Bento no referido encontro do conselho de administração, em que os prejuízos semestrais de 3.577 milhões de euros do BES foram aprovados. A acta consta de documentação entregue na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.

A perda dos fundos próprios do BES, decorrente de operações extraordinárias que causaram prejuízos ao banco (como a recompra de obrigações abaixo do preço do mercado e as cartas conforto à Venezuela), acabou por levar a uma queda do rácio regulamentar Common Equity Tier 1 de 9,8% para 5%, “ou seja, 1,1 mil milhões de euros abaixo do mínimo regulamentar de 7%”.

Depois dessa constatação, “o senhor Joaquim Goes salientou ainda a relevância da questão da exposição do BES ao BESA, em termos de linhas de mercado monetário e de trade finance, sendo fundamental que o conselho esteja ciente desta situação”. A exposição era de 3,3 mil milhões de euros. Goes era um dos administradores executivos do BES à data (acabaria por ser suspenso de funções nessa mesma data pelo Banco de Portugal por não ter impedido as operações causadoras de prejuízos).

Em discussão no conselho de administração esteve o aumento de capital que o BES Angola ia fazer. O BESA havia contactado o BES, que tinha mais de 55% do seu capital, para saber se iria acompanhar aquele reforço de capital, isto é, injectar dinheiro fresco. Segundo a acta, os administradores tinham medo de que ao dizerem que não ao aumento de capital do BESA, este não assegurasse o reembolso da linha de financiamento de 3,3 mil milhões. O Banco Nacional de Angola garantiu que os temas eram “assuntos distintos”.

Sendo uma matéria em que é “necessário proceder de forma cautelosa e devidamente articulada, quer com o BNA, quer com o Banco de Portugal” e tendo em conta a sensibilidade da questão que não era “de fácil resolução”, Vítor Bento informou que iria a Angola, juntamente com o gestor colega José Honório.

Apesar das dúvidas assumidas na reunião, e que estão escritas na acta, a incerteza quanto ao reembolso da linha de financiamento ao BESA não foi referida no comunicado de apresentação de resultados do BES. Nesse documento, apenas se fala no reforço de capitais do BESA e da possibilidade de o banco português ver a sua participação diluída.

“O BES está em contacto com as autoridades regulatórias angolanas e portuguesas, no sentido de ser encontrada uma solução conveniente aos interesses das autoridades angolanas e que salvaguarde os interesses do BES e dos seus accionistas”, é o que é dito no comunicado oficial.

“A garantia soberana prestada pelo Estado Angolano mantém-se válida”, concluiu-se ainda. A garantia de 5,7 mil milhões de dólares (4,7 mil milhões de euros) foi dada ao BESA para cobrir eventuais créditos a que se havia perdido o rasto.

 

Porque não foi comunicado?

 

O comunicado oficial de contas é revelado na noite de 30 de Julho – sem que conste as incertezas sobre a exposição. A auditora KPMG, através do presidente Sikander Sattar, defendeu , na comissão parlamentar de inquérito, que não foi preciso fazer uma provisão referente à exposição do BES ao BESA nas contas semestrais porque havia a garantia soberana (que, contudo, era ao BESA e não ao BES).

O administrador Marc Oppenheim, que era representante do Crédit Agricole, questionou o conselho se não era necessário dar conta da resposta do BES e dos contactos com o BNA sobre o aumento de capital do BESA ao mercado através de comunicação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. Rui Silveira, gestor do BES, afirmou que não – “por ora [o banco] está ainda a ponderar a situação e os passos a dar”.

No dia 31 de Julho, um dia após o comunicado, as acções do BES caíram 40%. Na sexta-feira, deslizaram outros 40% até serem suspensas de bolsa.

A 3 de Agosto, o Banco de Portugal decidiu aplicar uma medida de resolução ao BES em que criou um banco com activos e passivos saudáveis, o Novo Banco, e outro com activos e passivos considerados problemáticos, o banco mau que ficou com o nome BES.

O Novo Banco teve de ser capitalizado com 4,9 mil milhões de euros. Deste montante, 3,3 mil milhões dizem respeito a dinheiro que teve de se reconhecer como perdido (provisão) referente à exposição ao BESA – entretanto, com a reestruturação do banco angolano já se garantiu que se irá recuperar uma pequena parcela deste valor. A garantia angolana foi revogada depois disto.

(Fim de citação)

INE: Impacto do Novo Banco no défice avaliado em março

Terça-feira, Dezembro 23rd, 2014

Citando

Observador

As autoridades estatísticas esperam para ver se o banco é vendido ou não até março para saberem como vão registar a operação no défice. Uma injeção de capital pode aumentar o défice se a venda atrasar.

As contas do défice até setembro não incluem ainda a grande incógnita deste ano: o impacto do empréstimo para a capitalização do Novo Banco. A operação pode aumentar o défice para 7,7% do PIB, mas o impacto depende da concretização da venda no horizonte temporal definido pelo Governo. Decisão será tomada em março.

Nas Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional dadas a conhecer esta terça-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) diz que o défice orçamental até ao terceiro trimestre foi de 4,9%, que é a meta do Governo mas para a totalidade do ano (já acima do acordado com a troika para este ano). Fora destas contas está ainda o impacto do empréstimo que o Estado fez para a capitalização do Novo Banco, na sequência da resolução do BES a 03 de agosto. Caso o empréstimo (por via indireta) ao Novo Banco, de 3,9 mil milhões de euros, seja contabilizado no défice, Portugal pode terminar 2014 com um défice à volta de 7,7%.

Mas as autoridades estatísticas ainda não decidiram como vão registar nas contas do défice o empréstimo ao Fundo de Resolução para o aumento de capital do Novo Banco, especialmente porque o Governo já comunicou a intenção de vender o banco a privados a breve trecho. Se a venda for feita num prazo inferior a um ano, o INE vai ter de analisar as duas operações em conjunto (empréstimo e venda) para apurar o impacto no défice.

Como nesta altura, ainda não ocorreu a venda do Novo Banco, as autoridades estatísticas terão de aguardar para fazer o registo final da operação, que ficará em primeiro lugar para março, altura em que Portugal tem de comunicar a Bruxelas os valores do défice ao abrigo do Procedimento dos Défices Excessivos.

O registo poderá ainda assim ficar provisório e ser revisto mais tarde, dependendo de como evolui o processo de privatização do Novo Banco.

No entanto, se o Novo Banco não for vendido no prazo de um ano, o empréstimo e a eventual venda serão tratadas como operações diferentes, o que significa que pode aumentar o défice deste ano caso a empresa não tenha uma margem de rentabilidade suficiente, sendo registada o empréstimo nas contas do Estado como uma transferência de capital.

Caso o Novo Banco seja vendido por um valor igual ou superior à injeção de capital feita pelo Estado, a operação não tem impacto no défice. Se for vendido a um preço inferior, o valor da diferença provoca um aumento no défice.

(Fim de citação)

Direitores do BdP vão para a PwC

Sexta-feira, Outubro 31st, 2014

Citamos:

Económico

Luís Costa Ferreira e Pedro Machado vão trabalhar na firma escolhida pelo BdP para auditora do Novo Banco. E saem quando o Departamento de Supervisão Prudencial continua sob fogo por causa do BES.

O director e o director-adjunto do Departamento de Supervisão Prudencial do Banco de Portugal (BdP) cessaram ontem funções, passando para a PwC. As saídas de Luís Costa Ferreira a Pedro Machado ocorrem numa altura em que o supervisor está debaixo de fogo devido à forma como lidou com os problemas no BES, o que já levou à recente mudança de pelouros do vice-governador Pedro Duarte Neves. E, nos últimos dias, o Departamento de Supervisão Prudencial tem estado no centro de uma polémica em torno dos contactos que manteve com a Comissão Europeia nos dias anteriores à resolução do BES.

Em comunicado, o BdP refere que teve conhecimento dos pedidos de demissão do “director e o director-adjunto do Departamento de Supervisão Prudencial (DSP), Dr. Luís Costa Ferreira e Dr. Pedro Machado, fundamentados na intenção de desenvolverem novos projectos profissionais”. Os dois técnicos foram contratados pela PwC, a firma que no início de Agosto foi escolhida pelo Banco de Portugal para auditora do Novo Banco, a unidade “boa” do antigo BES. Os dois quadros do BdP iniciam funções na PwC em Janeiro, como sócios na área de consultoria da firma.

“A PwC acredita que as alterações no sector decorrentes da entrada do em vigor do Mecanismo Único de Supervisão, que prevê a supervisão prudencial directa pelo BCE das instituições de crédito significativas, criam grandes oportunidades na área da regulação dos serviços financeiros”, explicou a firma em comunicado. Acrescentou: “Adquirir competências e ‘skills’ únicos irá permitir liderar este sector.”

Porém, Luís Costa Ferreira e Pedro Machado deixam o Banco de Portugal numa altura em que os partidos da oposição exigem esclarecimentos sobre os contactos que o seu departamento teve com a Comissão Europeia a respeito da possível intervenção no BES, a 30 de Julho. Além disso, as datas das comunicações com Bruxelas a estão a ser analisadas pelo Ministério Público e a CMVM, no âmbito da investigação em curso às suspeitas de fugas de informação na semana que precedeu a resolução do BES, durante a qual as acções caíram cerca de 70%.
Tal como o Diário Económico noticiou na terça-feira, a DG-COMP foi avisada horas antes de o BESapresentar os seus resultados do primeiro semestre, por dois quadros do Departamento de Supervisão Prudencial. Esta informação coincide com a versão que terá sido transmitida pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, num encontro recente com deputados do PSD. Questionado, o Ministério não comentou.

A 8 de Outubro, o Económico noticiou que a DG-COMP abriu o processo de resolução do BES a 30 de Julho, quando o Governo e o Banco de Portugal tinham referido que a decisão só foi tomada a 1 de Agosto. No Parlamento, o governador do Banco de Portugal “desmentiu formalmente” que tivesse havido alguma decisão antes dessa data e garantiu que “não se corresponde com a DG-COMP”.

Porém, na passada terça-feira, o Banco de Portugal admitiu, em declarações ao Diário Económico, que Bruxelas fora avisada dos prejuízos do BES horas antes da sua divulgação. Já a CMVM não foi avisada da possibilidade de uma intervenção do Estado. O supervisor da bolsa poderia ter suspendido as acções, que entre 29 de Julho e 1 de Agosto afundaram mais de 70%. A resolução foi anunciada pelo BdP a 3 de Agosto.